sábado, 26 de dezembro de 2009

Primeiro ano

Sei lá, eu queria dizer que era muito legal ficar lá no estacionamento atrás da moitinha.
Também era muito bom ficar perto da grade do campo, onde agora está cheio de entulho. Antes, tinha só uns lixinhos.
Era muito bom aquele cheiro, que misteriosamente, voltou pra que nós nos despedissemos dele.
Aquela luz de três horas da tarde era linda e continua a fazer um bem danado
Ah! E quando saíamos da aula de filosofia, tipo assim, 18:30H? Ah, era kegal pq a escola estava meio vazia e eu achava o máximo voltar pra casa assim de noite, sozinha. Além disso, a aula era ótima!
Engraçado...passou... que gracinha!

ai vic... =D

sábado, 12 de dezembro de 2009

Macrocefalia Urbana ou o nascimento de Adélia.

Estava na estação Mangueira esperando o meu Campo Grande. No banco à minha esquerda, havia um menino, um moleque de rua sujo e distraído. Eu o olhava fixamente até que ele percebeu. O garoto, simplesmente veio sentar ao meu lado.
Eu não reagi. Algo muito estranho se apossou do meu coração, uma vontade de me deixar morrer. Posso não ter levantado, mas eu senti o perigo do meu preconceito e o perigo do silêncio. Ele sentou-se ao meu lado e continuou a olhar os trilhos, sem me dar atenção alguma.
E eu percebi, como tenho feito em muitos homens, o quanto ele era ainda um menino. Com os homens, costuma ser ao contrário: eu acho algo de menino neles. Mas nesse garoto, eu vi algo de homem, a maldade que criei dele. A maldade dos homens sabidos. Criamos para ele, um menino.
O trem estva chegando. Finalmente, o menino disse:

- Tem cigarro, Dona?
- Não. Não fumo.

Entrei no trem. E quando ele deu a partida, deu pra ver que o menino achara os cinco reais eu havia deixado em cima do banco, pra ele. Talvez ele compre cigarro ou maconha ou crack. Qualquer dessas coisas que meus conhecidos também costumam comprar pra ficar numa boa. Mas eu acreditei, talvez, que ele pudesse comprar um lanche qualquer na lanchonete da estação São Cristóvão.
Cinco reais não me custaram nada. Será que pouco mais de tempo também me custaria?
Uma senhora dentro do trem estava pedindo dinheiro. Bradava aos ouvidos cansados dos outros passageiros que necessitava pagar o aluguel e sustentar os filhos.
Quando ela passou por mim, dei-lhe dois reais. Ela me disse: "Muito obrigada. Que Deus lhe abençõe."
Sete reais. Não me custaram nada. Custaria um pouco mais de coragem, também?
Mas coragem pra quê?
A janela do trem bagunçava o meu cabelo. Saindo do Méier para Engenho de Dentro, ou melhor, Olímpica de Engenho de Dentro, eu fiquei de costas para o trem e como aquele menino da mangueira pode muitas vezes fazer, meti minha cara pra fora. O vento rasgava meu rosto, meu cabelo me machucava, mas eu estava lá, quase em êxtase.
Até que senti uns tapinha na bunda. Era uma senhora que, assim que me virei, me disse:

- Fica assim não, minha filha, é perigoso!

Eu a olhei meio embaçada, enquanto minha pupila se adaptava a relativa escuridão do trem. Sem graça, agradeci a senhora e pedi desculpas por tê-la preocupado. Ela só sorriu e disse pra eu tomar cuidado com os trens que vêm na direção contrária. Disse, carinhosamente, que poderia levar a minha cabeça.
O trem apitava, indicando que fecharia as portas, quando subitamente sai tresloucada e desembarquei em Engenho de Dentro, droga! Olímpica de Engenho de Dentro. O meu destino era Campo Grande.
Mas que droga de destino é esse? Sempre saltando em Campo Grande, sempre saltando em Campo Grande, sempre saltando em Campo Grande! Sentei em um dos bancos e pensei: aqui funcionavam as oficinas de trem. Olhei para o lado do Engenhão, e lá estavam algumas construções antigas. Antes de ser Olímpica.
Depois, fiquei olhando para a placa no final da estação que dizia: Não ultrapasse a linha. E se eu ultrapasse a linha? Eu sei bem o que aconteceria. Ou não sabia, ainda não a tinha ultrapassado, não estava nem mesmo equilibrada num pé só.
Lembrei de Fernanda Montenegro e do menino Josué.
Lembrei do menino da Mangueira.
Anunciava a chegada de um Bangu. Eu tava com um troço dentro de mim que seria capaz de ir andando até Campo Grande. Mas foi então que eu pensei:
Não posso mais esperar pra viver a minha vida!
Quase rompeu meu coração esse pensamento tão vivo! Não posso mais esperar pra viver, assim como um criança não me aguenta ao esperar os presentes de natal! Peguei o Bangu e minha expressão de mulher carioca aos 22 anos de idade não transparecia o revolução que acontecia aqui dentro!
Chegaria em Bangu e pegaria um outro trem, para Campo Grande. Um outro trem para levar para casa, um outro trem! Um outro trem...

Pra você, seu Deus

Perdoai-me Deus, pois pequei
Deixei que me invadissem o coração
A dúvida e o orgulho
A raiva e a presunção

Perdoai-me, porém, ajudai-me
Ando tão fraca e por vezes ingrata
Mas o Senhor, mas do que eu
Sabe o quanto sou imperfeita
E por isso mesmo, peço quase que com desespero
Que o Senhor me ajude a caminhar por esse mundo tão errado
Dai-me coragem para enfrentar as adversidades

E quer saber mais?
Eu acredito, acredito!
Acredito na beleza do trabalho
Na beleza da natureza
Na beleza da amizade
Na beleza do amor
Que ainda hei de conhecer!

Acredito que eu possa ser quem eu sou
E que eu saberei lidar com as angústias
E que talvez que possa ser um alguém
Que tenha cumprido sua tarefa.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Surtos Cotidianos

Tá difícil, Chico, tá chato
Essa burocracia incompreensível
Discussões sobre papéis e dinheiro
Um casamento acaba aqui
Uma família briga acolá
Tá enjoado, Chico, sem graça

A gente não precisa de casamento, né?
Vivemos no nosso mundinho
Nômades, desbravadores
Das pequenas coisas de nós dois

E lá vem de novo nossos chefes
A gente depende disso, né?
Somos farinhas do mesmo saco
Esse é o preço que temos que pagar para
insistirmos em procurar no nosso mundinho
Na nossa Terra, é
Algo pouco além do comum
E tão natural

Nós não usamos ternos
Não usamos cabelos estranhos
Nem roupas de marca
Andamos nus, nus!
Sem dar muita satisfação da nossa felicidade

Somos os perdedores, os estranhos
Ou somos apenas nós dois
Nus, completamemte nus
Por que se pensarmos que somos somente uma farsa
Pra que viver, Chico?
Pra que te amar, Chico?

Pequenos andarilhos
Mas nós somos importantes, né Chico?
No nosso mundinho
Cheio de burocracia, violência e dor
É ruim procurar a felicidade?

Me beija, Chico, me ama!
Vamos caminhar, preciso esquecer
Vamos seguir em frente
Eu te amo, Chico
E isso há de ser importante.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Mulher e a Casa

de João Cabral de Melo Neto

Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
pelos recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.

Uma das melhores coisas de pré-vestibular foi a descoberta de grandes escritores! Às vezes, eu me sinto meio contraditória por gostar desse poema, mas enfim, gosto de Clara Nunes mas não faço despachos por aí!

Procurem mais poemas se gostarem!

George, não sei porquê, mas sempre que leio os teus poemas lembro do JCMN.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Eu queria.

Não é polidez
Ou educação
Não é solidez
Tampouco contenção

Eu queria...
Queria que você não tivesse me ouvido
Que você tivesse tapado a minha boca
Machucado minha mandíbula
Cortando meus lábios
Qualquer coisa
para me impedir de falar

Ter corrido pelas ruas
Ou suavemente ter me beijado
Ou furiosamente ter me beijado
Qualquer coisa para me fazer sentir teu amor

Eu queria...
Queria te pedir perdão
Mas já não sei se essas palavras
Viriam na hora certa

Mas tudo me consome
As palavras errradas
As outras contidas
Todas erradas, todas

Eu sou indigna, por isso me calo
Eu queria, mas já não quero mais
Já não sinto muita coisa
Eu queria...
Já nem sei mais... não sei mais...
de você.

Para mim e Victor (3)

Victor, depois da nossa conversa, tomei banho (toda MMM). Daí me arrumei para ir a Oswaldo Cruz, mas começou a chover muito. Quando a chuva passou, fui e comprei minhas guloseimas! Sai da Casa do Biscoito e uma força obesa me levou ao mercado e comprei uma pizza!
Enquanto voltava para casa, caía um dilúvio, mas tudo bem.
Comi a pizza toda sozinha! Haahahahaha...
E resolvi estudar em vez de assistir mais um filme.
Vic, deve ser encosto que me impede de ouvir Clara de vez em quando. Eu fico toda rebu, ligo pra você, perturbo tua paz, mas saiba amigo, que eu me sinto muito bem quando você me ouve. Ouvir Clara, por mais que me alegre, não espanta todos os maus pensamentos. Mas outros sim, depois, de noite, eu ouvi e ouvi e ouvi e fiquei bem melhor.
Só dei uma recaída enquanto escrevia o post do Mistério de Natal, mas vou ouvir Clara e Mudança de Hábito mais uma vez e tudo ficará bem! =)

Victor, você sabe que vai cair História da África no Enem, portante, é indispensável reforçar os nosso conhecimentos sobre este intrigante continete! Vamos relembrar?

Ogum, orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Oxumaré, orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e protetora dos recém nascidos.
Iemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos orixás.
Nanã, orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.




OBS: Não apertem nesses links nos nomes dos Orixás. Não sei mesmo o que pode sair de lá...
OBS2: Mamãe falou pra nós pararmos de brincar com essas coisas. Mas convenhamos, até que maneiramos, mas a parada é muito forte, né?
OBS3: Acho que vou seguir totalmente o conselho da minha mãe...

Mudança de Hábito (2)

Não, não assisti Mudança de Hábito 2.
Este é o segundo post sobre esse maravilhoso filme!
Eu o assisti semana passada, antes da prova da UFF e hoje, antes da prova do ENEM, eu andei ouvindo umas músicas do filme!
Eu fico imaginando se um pseudointelectual de cinema, chegar pra mim e perguntar:

Qual seu filme favorito?
Junto de Casablanca?
Sim.
Ora, é Mudança de Hábito!

Enfim, vejo este filme desde que me entendo por gente (e isso é possível?), o tempo passa, e eu continuo empolgadona cantando as músicas! Não quero nunca que ele perca a graça!
Gente, vou colocar o vídeo de "Oh Maria!". Prestem atenção na Mary Lazarus, aquela que dirigia o coro ante a Mary (Van Cartier) Clarence! Muito engraçada!



Aqui está o 1º post que fiz do Sister Act

Mistério de Natal


Descrição do site Submarino (adaptada): Jostein Gaarder escreve "literatura de conhecimento": não importa o tema, seus livros sempre trazem personagens que buscam um saber. Mistério de Natal não foge à regra: à parte encantar pelas muitas qualidades propriamente literárias, traça um interessantíssimo roteiro histórico do cristianismo. Durante os 24 dias anteriores à noite de Natal, o menino Joaquim acompanha um grupo de peregrinos que voltam no tempo para chegar à cidade de Belém, onde vão homenagear um menino recém-nascido.
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Comprei nesta última quinta! Adoro o Jostein!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Muito!!!!!!!!!!!!!
Eu me sinto tão inteligente lendo os livros dele, muito mais do que lendo Saramago, Nietsche ou qualquer um desses bobões!!!!!!!! hahahaha...lokei!

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Estou louca para chegar no capítulo 24 de dezembro, no dia 24/12 e saber qual é o grande mistério de Natal!

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Victor, eu não sei o que vou descobrir mas sei que não importa como seja a véspera de Natal eu sei que estarei feliz. Por que passei o ano todo com as pessoas que eu amo. Passei o ano com você.
Às vezes, eu penso que as coisas vão melhorar e que, de fato, eu poderei ter um natal completamente feliz. Sem divisões, sem solidão, sem silêncios. Mas eu não sei como isso pode acontecer, mas eu ainda acredito que sim. Eu queria que tudo voltasse no tempo, mas eu sei que não dá! Eu não sei o que diz de errado pras pessoas não gostarem de mim, me diz, o que eu fiz de errado! Será que isso é tudo coisa da minha cabeça, Victor?
Desculpa, estraguei este post sobre um livro tão bonito, pra falar de coisas chatas...

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Eu te aceito.

Eu sei que ele vai embora
Mais cedo ou mais tarde
Talvez, seja eu quem vá
Não sei muito bem

Ele me atordoa
Diz que me quer também
Sempre, pra sempre
Mas não pode

Pior pra mim, ele sabe
Meu corpo ainda é tão novo
Mesmo que ele o tenha enveredado tantas vezes
O dele já é tão marcado
Tão perto, tão distante

Esse cheiro de cigarro barato
Que me contamina e destrói
Essa coisa que eu sinto que não se explica
É estranho, estranho

Esse cabelo fora de moda
Essas roupas tão sem graça
Mas eu não me canso de bangunçá-los
Não! Não me canso de tirá-las

Eu estou doente, doente, homem!
Doente, louca, senil!
Os teus anos não lhe trouxeram sabedoria
Você mal sabe como será os meus próximos!

Estou doente, perturbada, apaixonada!
Será que isso é amor mesmo?
Não falo de ti
Escondo você em mim
Mas eu te aceito na minha cama
Te aceito em meus pensamentos
Mas quem fora de mim
vai aceitar nós dois?

Falo baixinho teu nome
Enquanto minhas lágrimas caem
Lavam os lençóis, a fronha, a cama
Onde você esteve horas atrás

Horas atrás
Já faz tanto tempo...
Talvez fosse bom que não existisse o tempo.